"Guitarra portuguesa será sempre um cadáver"
Resplandecente, o seu terceiro álbum, já foi gravado há dois anos mas só foi editado agora. Porquê?
Só não saiu antes porque houve uma catadupa de entraves que levaram a que fosse adiado constantemente. Problemas de mercado, envolvendo as regras e as supostas datas ideais para os discos saírem, e com isto o tempo foi passando.
As primeiras cinco peças, para um quarteto de guitarras, foram gravadas inteiramente por si. Porque não escolheu outros músicos para formar o quarteto?
Eu tentei. Só aconteceu assim porque fui obrigado, porque do ponto de vista da disponibilidade das pessoas que eu queria reunir era inviável. Isto ia exigir muita disponibilidade e dedicação de cada um. Houve imensa vontade, mas não havia disponibilidade física e não podia escolher outras pessoas porque não o conseguiriam fazer. Ao longo destes anos tenho tentado dar uma direção à guitarra neste sentido mais académico e erudito, mas sozinho tenho a noção de que não consigo fazer milagres. Daí ter de me dividir em quatro.
Foi um processo longo ter de fazer tudo sozinho?
Foi a coisa mais difícil que tive de fazer. Durante três meses impus a mim próprio um regime quase militar. Mas antes, quando percebi que a disponibilidade das outras pessoas era um problema grande, desisti da ideia, mesmo com as peças já compostas. Falei com o meu editor e ele é que me persuadiu e convenceu a experimentar a fazer isto desta forma. Se fosse hoje já não conseguia.